o sorriso

o sorriso, o riso
são muito mal empregados quando são de desdém
ou de crítica.

o sorriso devia ser sempre usado e interpretado como uma alegria a partilhar.

o enguiço


e em cada dia que passa
passa-se por onde se passa
faz-se o que se possa e se faça
nessa parte sobra sempre
o que se sente e que embaça
e não sai porque não passa

mas mesmo assim
há sempre aí
um pequenino chinfrim
que acutila o teu jardim
e te afia o teu sorriso

e mesmo aquilo que é retido
sempre ganha algum sentido
e se fica é porque pede
de ti algo que ele bebe

entre a tua e entre a disso
haverá sempre esse enguiço
desembrulhas-te e isso enrola-te
tu libertas-te, isso esfola-te
safas-te alguns bocadinhos
mas isso aninha-se ainda
e enquanto assim fores vivendo
vais puxando
vais comendo
aos poucos envelhecendo
só que nunca houve outra hipótese
e assim se vai passando
o que se passa e nunca pára
te trespassa e não se cura.

alguém disse


"Nunca poderá haver uma sociedade sem classes.
Porque haverá sempre a classe dos que a querem
e a dos que a não querem.
Qualquer um deles se julga superior aos outros
e assim por diante."

a imperfeição inspira

come menos
descansa mais
passeia
usa coisas velhas
não laves tudo
escuta
brinca
toma atenção
fica calado
procura amar
amar é entender
cozinha tu
come coisas cruas
bebe água fria
apanha frio no inverno
e calor no verão

não fujas da natureza
ela é a mãe

a vida tem um v porque é, em grande parte, nevoeiro

Innocence Song

Piping down the valleys wild,
Piping songs of pleasant glee,
On a cloud I saw a child,
And he laughing said to me:

"Pipe a song about a Lamb!"
So I piped with merry cheer.
"Piper, pipe that song again;"
So I piped: he wept to hear.

"Drop thy pipe, thy happy pipe;
Sing thy songs of happy cheer!"
So I sung the same again,
While he wept with joy to hear.

"Piper, sit thee down and write
In a book, that all may read."
So he vanished from my sight,
And I plucked a hollow reed,

And I made a rural pen,
And I stained the water clear,
And I wrote my happy songs
Every child may joy to hear.

(introduction to Songs of Innocence)
William Blake

(8)

as ilhas são lagos de terra num continente oceânico

Redemption Song

"Emancipate yourselves from mental slavery;
None but ourselves can free our minds.
Have no fear for atomic energy,
cause none of them can stop the time.
How long shall they kill our prophets,
While we stand aside and look? ooh!
Some say its just a part of it:
We've got to fulfil de book."
Bob Marley

sinceridade

é tão rara que pagamos por ela.

é tão boa a sensação


de se pensar que se está onde se quer estar
como se quer estar
e com quem se quer estar.

ser o oposto daquela música do António Variações.

sobretudo quando já fomos assim tal e qual como ele canta.
e também gostávamos disso.

a amiga noite


desde que pude e consegui
ficar acordada até tarde
e sozinha

isso foi um prazer para mim.

agradeço a luz eléctrica

na noite sentimos o nosso eu
mais presente.
percebemo-nos melhor
e damo-nos uma grande importância
a cada coisa que fazemos.

não temos horário para nada e sabemos
que vamos acabar em prazer: no sono

mas não há horas de refeições
nem de visitas
nenhum sítio onde estar
não há telefonemas
nem muitos barulhos

à noite há mais tempo para as invenções humanas
a minha preferida é a escrita
ou a criação de qualquer coisa
a net tb é fixe

a noite é o mais próximo que encontro
da intemporalidade
e o tempo em que mais me aproximo de mim.

mas só o faço às vezes.
e é tão bom

The Kiss

Este foi o primeiro beijo da história do cinema.
Apareceu nos kinetoscópios e passou despercebido. Mas quando foi projectado em grande ecran, 3x maior que o tamanho real e 3x repetido, todos ficaram muito chocados e horrorizados.

Critic Herbert Stone complained, " . . . neither participant is physically attractive and the spectacle of their prolonged pasturing on each other's lips was hard to beat when only life size. Magnified to gargantuan proportions and repeated three times over is absolutely disgusting!"

50 anos






A primeira boneca Barbie foi lançada oficialmente na Feira Anual de Brinquedos de Nova York, a 9 de Março de 1959.

No dia seguinte, o Tibete inicia uma fracassada revolta contra os dez anos de ocupação chinesa em Lhasa. Milhares são massacrados pelo exército de ocupação chinês.

imagem1.Empress of the Golden Blossom™ Barbie® Doll - Price: $150.00
imagem2.Montanhas Tibetanas - ..............

inventário

.dizer "olá"
.dizer "luz" e apontar para a luz
.apagar a luz e acender
.fazer adeus
.apontar para o que quer
.mudar canais de tv
.fazer de índio com a mão na boca
.fazer trrrim no nariz das pessoas
.dizer onde está o seu dentinho

under the sea


lá em baixo
é que é o planeta terra
é que é o mundo dos sonhos
é que há de tudo
cá em cima
é só e apenas uma epidermezinha onde estão os parasitazitos
ácaros e tal.


é é

as saudades da terra



a terra não é como as pessoas.
não dá para telefonar para ela
e matar saudades brandamente

só se comunica com uma paisagem
estando nela.
sentindo-a com tudo o que
temos de sensível.

amar uma terra é coisa dura
amar uma nova terra é sempre aumentativo

mas dividir o nosso amor por várias terras
é ingrato.

ainda não se pode estar em dois lugares ao mesmo tempo
e aí net não serve para nada.

flores para calados

















Olá amiguitos.
Muitas vezes, depois de um post mais denso
não consigo evitar
e deixo passar o tempo
antes de um novo.

e este novo post
eu só queria
que ele fosse dedicado aos silenciosos.

adoro gente silenciosa
desde que não seja sinistra.

nem mimos ou clown, porque também acabam por ser sinistros

depois das renováveis, as perenes
























separo embalagens para reciclar
e com isso gasto tempo e energia
que podia gastar a escrever manifestos
ou a fazer filmes sobre reciclar.

qualquer acção é geradora
umas numa direcção outras noutra
a preguiça é um exemplo de energia que gera situações
apesar de parecer que não gera nada de nada.

há vários tipos de energias geradoras
umas geram através do esforço: transformam
outras geram através do não esforço: limitam-se a permitir a transformação
outras ainda conseguem gerar inversamente: impedindo a transformação, levando-a por novos caminhos

por isso
o tempo é energia
o movimento é energia
um riso é energia
ou um grito
um choro
uma depressão
uma doença
uma viagem
um castigo
um trabalho
uma sesta
um abraço
uma cópula
uma flor
um som
um caminho
um campo
uma cidade
um buraco
enfim
um enfim...

Irundinhas e Merlos



Se o nome latim da espécie das andorinhas é
Hirundinidae
elas devem ter sido chamadas de Irundinhas
antes de serem Andorinhas.
Faz sentido porque já ouvi muita gente do
Redondo chamar-lhes Indurinhas ou
Endorinhas. Imagino que deva ter sido assim:
Hirundinas
Irundinhas
Indorinhas
Endorinhas
Andorinhas.

Já o Melro, a história parece ser mais
pequena, mas parecida: ainda há no Redondo
quem lhe chame Merlo, que vem sem dúvida
ainda do latim Merulo. Não foram os
redondenses que tropeçaram na língua.
Alguém o fez antes deles e agora vem nos
dicionários que se diz Melro e não Merlo.

as andorinhas já chegaram a
Portugal Continental
aqui não há andorinhas, mas há melros.
Bonitos!

nham nham



português, docinho e perfeito
uma vez ou outra
numa casa da especialidade


mãozinhas de ouro

o Julião ainda não diz nenhuma palavra reconhecível
nem deu mais do que um ou dois passos sem ajuda
e vai fazer um ano no dia 26 de Fevereiro.



Mas não tem estado a desperdiçar o seu tempo.



ele já sabe
carregar no comando, enquanto olha para a tv
acender e apagar a luz dos candeeiros da sala

e... desenhar!


(foi a primeira composição que ocupou o quadro todo)


é um rapaz que gosta de manipular objectos...


aos mais ansiosos:
não estamos a descurar os deveres principais do Julião,
falamos muito e andamos muito com ele.
mas ele é que escolhe o que lhe interessa mais e quando.

aurora e família do south park










http://www.sp-studio.de/ --> aqui fazem um para vocês!

só de passagem

para agradecer a quem veio aqui ao meu blog.
e para dar um pequeno conselho que logo a seguir vou cumprir:
larguem esse computador, endireitem as costas, levantem-se da cadeira
e vão fazer uma cena qualquer ou não vão fazer nada.

sabem porquê?
porque é fixe!!

Tradição? Folclore!





Fui ver ao cinema um filme que se chama "O primeiro choro". Uma viagem à volta do mundo num dia de eclipse, a ver como as mulheres dão à luz. Apesar de algum gosto duvidoso presente no filme, até era um filme interessante. Mais pelo que dava a conhecer do que pela forma como estava feito.

Uma das conversas recorrentes entre as mães civilizadas do filme era que era necessário parir de forma tradicional. Que desde sempre as mulheres tiveram filhos, que elas foram feitas para isso, que os hospitais são sítios horríveis e frios para se vir ao mundo neles et tout ça.

hmm mmm... ok. Quando as mulheres tinham os filhos da forma "tradicional" e morriam às dezenas e perdiam filhos e etc, descobriram uma forma de fazer nascer pessoas em que se diminuia imenso o risco de alguém morrer e andaram a fazer campanha a todas as mulheres para irem ter os filhos ao hospital.

É a história da esterilização. Quando a humanidade era muito porquinha e morriam milhares de pessoas devido à falta de higiene, inventou-se a estirilização. E hoje em dia advertem-se as pessoas que demasiada estirilização pode dar origem a alergias, entre outros males lixados.

Pffu... a humanidade porta-se sempre mal, é o que é. Ora não se lava ora desperdiça água...

E pronto, grávidas, vamos lá voltar à tradição tradicional ancestral das nossas antepassadas mulheres parideiras! Mas a qual tradição, pergunto eu!!?? À da minha avó? À da minha bisavó? À da minha minha tetravó? À da minha tataritotelavó? À da macaca primordial? À da Eva?? Se julgam que a tradição é uma coisa estanque e acabada que resolve tudo em si, não julguem. Tudo se altera, tudo se alterou ao longos dos tempos e dos lugares.

Entre nós, a tradição resultou nas maternidades (o tempo de hoje é sempre resultado do tempo de ontem), e pelos vistos agora está a mudar para uma coisa mais caseira e íntima, menos rígida e mais ao gosto da mulher actual. É UMA COISA ACTUAL e não tradicional. Até porque tradicional não quer dizer nada... é como as danças dos ranchos folclóricos. São tradicionais? Não. São inspiradas numas coisas que houve durante uns tempos lá nuns sítios. Com umas roupas lavadinhas e engomadinhas e de lindas cores artificiais que nunca houve umas assim antes de hoje! No fundo são coisas de agora e pronto.

boom & reds

são os desenhos animados preferidos
do Julião e dos seus amados pais

um episódio são 1000
porque só muda o desenho
mas mesmo repetidos
ou talvez mesmo por isso
adoramos sempre ver
bum, bum, bum à reds

se não é, parece.


bolorzinho...


a vida é o bolor da Terra

tudo se transforma

transfomer
somos ocidentais
e herdámos, por um lado
a ideia de que o essencial não tem imagem
-não há imagem para Deus, apenas símbolos-
por outro lado, da cultura greco-latina
a paixão muito erótica pela representação.

ícones, estátuas, gravuras, pinturas, desenhos
esquemas
logo desde crianças aprendemos o que é a neve
o que é o elefante
e o leão
em lindos desenhos estampados nos livros.

assentamos a educação e o conhecimento
em bases estabelecidas
e de princípios imutáveis.

partimos de princípios
com a ideia de que haverá fins.

manejamos a realidade com referências fixas
e até à criatividade é deixado apenas o espaço que esta palavra lhe dá

porque mesmo as palavras são feitas de pregos de letras
onde se martelaram sentidos e significados.

mas os nossos esquemas nunca abrangerão tudo
nada assenta em coisa nenhuma
e um limite é coisa que nunca existiu
tudo é posto em causa constantemente.
este é um mundo de mutações
a todos os níveis e em todas as escalas
e abençoados nós que somos embalados neste doce transformar

da existência - a minha

sei que pareço muito inteligente e perspicaz com respostas ou afirmações que faço
sei que pareço burra e lenta com dúvidas e interrogações que coloco
sei que pareço atinadinha com a minha vidinha pouco wild side
sei que pareço desgovernada por não levar uma vida burguesa
sei que pareço empreendedora por ter projectos e por escrever e por ter ideias
sei que pareço preguiçosa por não ter um emprego
sei que pareço limpinha por não ficar uma semana sem tomar banho
sei que pareço javardolas por não tomar banho todos os dias
sei que pareço culta por ler livros
sei que pareço inculta por não passar a vida a ler
sei que pareço levar uma boa vida por viver aqui onde vivo
sei que pareço ter uma vida enfadonha por tomar conta da casa e de um filho
sei que pareço mãe galinha por dar de mamar e estar sempre perto dele
sei que pareço negligente por ele às vezes ter camisola suja ou andar descalço
sei que pareço fútil por gostar de historietas de cordel e por gostar de moda
sei que pareço desmazelada e arrapazada por me vestir mal e não me importar com isso
sei que pareço bonita por ter cabelos aos caracóis e um corpo saudável
sei que pareço feia por usar óculos e não ter os dentes direitos
sei que pareço rude por ser tímida
sei que pareço simpática por sorrir muito às pessoas
sei que pareço indiferente por manter o lábio superior rígido
sei que pareço muito interessada em coisas banais
sei que pareço mal agradecida por não encontrar forma de agradecer o que aprecio
sei que pareço dar muito valor a gestos que não foram com essa intenção

eu sei isso
e gostava que vocês também soubessem.



p.s
sei que pareço egocêntrica e é verdade
mas também já percebi que ter um filho é toda uma jornada para deixar de o ser
e como isso é belo!

adaptações


Ontem, estava a pensar enquanto lavava a loiça.
(Sabem quais são as mulheres que pensam mais? - Pois é, embora não pareça)
E enquanto pensava percebi que há uma coisa que não gosto nada e acho mesmo que é um desperdício de energia. Essa coisa são as

ADAPTAÇÕES

prefiro bem mais as

INVENÇÕES.

Ainda ponderei sobre as adaptações às circunstâncias, mas é evidente que também prefiro as invenções às circunstâncias.

Mas as adaptações que odeio mesmo mais são as adaptações literárias e as adaptações cinematográficas. Blergh...

às vezes

o estado enervado de uma pessoa aumenta a um ponto que quase parece sem retorno
outras vezes a preguiça deixa cada músculo do corpo e da mente num estado que parece eternamente vegetativo

mas na maior parte do tempo estamos semi-rígidos, semi-activos, parcialmente atentos, moderadamente confusos, um pouco cansados mas com forças para continuar; capazes de sorrir e de censurar, de esquecer e de lembrar, sem ressentimentos à flor da pele e sem gratidões especialmente sentidas.

essa maior parte do tempo esvai-se sem que nos recorra em lembranças mais tarde.
essa maior parte do tempo é a vida.

e ela é a resposta para estas perguntas da Björk:

"His embrace, a fortress
It fuels me
And places
A skeleton of trust
Right beneath us
Bone by bone
Stone by stone
If you ask yourself patiently and carefully:
Who is it ?
Who is it that never lets you down ?
Who is it that gave you back your crown ?
And the ornaments are going around
Now they're handing it over
Handing it over
He demands a closeness
We all have earned a lightness
Carry my joy on the left
Carry my pain on the right
If you ask yourself patiently and carefully:
Who is it ?
Who is it that never lets you down ?
Who is it that gave you back your crown ?
And the ornaments are going around
Now they're handing it over
Handing it over"

seja onde for


1º não há descanso
depois só há descanso

edição de natal

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colaboramos com eles. clicar p/ ler

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da existência


não é o que fazemos que faz de nós o que somos
não é o que parecemos que faz de nós o que somos
nem mesmo aquilo que achamos ser

aquilo que somos é sempre volátil, variável, insondável e eternamente questionável

o que vale a pena
é ser
e não compreender